Teses e dissertações sobre o Caribe e as Guianas
(disponíveis online - levantamento provisório)
A magia em Jacmel: Uma leitura crítica da literatura sobre o vodu haitiano à luz de uma experiência etnográfica
Flávia Freire Dalmaso
Mestrado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2009) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo a construção de um diálogo critico com a literatura acadêmica sobre o Vodu haitiano à luz da experiência etnográfica realizada na cidade de Jacmel, no Haiti. Trata-se de contrastar o campo discursivo que organiza a literatura com descrições etnográficas que revelam as formas pelas quais a magia, associada ou não explicitamente ao vodu, aparecia na vida cotidiana das pessoas com as quais eu convivi. A partir destas observações procuro evidenciar os distanciamentos e os deslocamentos de sentido que surgem entre o Vodu, tal como tratado pela literatura acadêmica e o vodu que encontrei em Jacmel.
Flávia Freire Dalmaso
Mestrado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2009) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo a construção de um diálogo critico com a literatura acadêmica sobre o Vodu haitiano à luz da experiência etnográfica realizada na cidade de Jacmel, no Haiti. Trata-se de contrastar o campo discursivo que organiza a literatura com descrições etnográficas que revelam as formas pelas quais a magia, associada ou não explicitamente ao vodu, aparecia na vida cotidiana das pessoas com as quais eu convivi. A partir destas observações procuro evidenciar os distanciamentos e os deslocamentos de sentido que surgem entre o Vodu, tal como tratado pela literatura acadêmica e o vodu que encontrei em Jacmel.
Os Aparai e Wayana e suas redes de intercâmbio
Gabriel Coutinho Barbosa
Doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) - USP (2008) PDF
Orientadora: Dominique Tilkin Gallois
Resumo: Este trabalho consiste no estudo de diferentes formas de intercâmbio relacionadas à circulação de bens ao longo das redes de relação de que participam os Aparai e Wayana (grupos caribe, que vivem no norte do Pará), na região oriental das Guianas. Com o intuito de identificar os princípios e valores que orientam tais práticas, são examinados os modos como os próprios Aparai e Wayana concebem, relacionam e comparam essas modalidades de transação. Basicamente, são analisadas a parcerias interpessoais de troca, as obrigações do genro para com o sogro, as relações entre chefes-donos de aldeias e seus co-residentes, as transações com balateiros e garimpeiros na região (aviamento).
Gabriel Coutinho Barbosa
Doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) - USP (2008) PDF
Orientadora: Dominique Tilkin Gallois
Resumo: Este trabalho consiste no estudo de diferentes formas de intercâmbio relacionadas à circulação de bens ao longo das redes de relação de que participam os Aparai e Wayana (grupos caribe, que vivem no norte do Pará), na região oriental das Guianas. Com o intuito de identificar os princípios e valores que orientam tais práticas, são examinados os modos como os próprios Aparai e Wayana concebem, relacionam e comparam essas modalidades de transação. Basicamente, são analisadas a parcerias interpessoais de troca, as obrigações do genro para com o sogro, as relações entre chefes-donos de aldeias e seus co-residentes, as transações com balateiros e garimpeiros na região (aviamento).
Codemò: Escravos sem grilhões. Vida operária ao redor da zona franca CODEVI em Ouanaminthe, Haiti
Otávio Calegari Jorge
Mestrado em Antropologia Social - UNICAMP (2014) PDF
Orientador(a): Omar Ribeiro Thomaz
Resumo: Este trabalho tem como objetivo compreender, tendo como referência inicial, mas não exclusiva, a produção intelectual haitiana e dominicana, bem como uma experiência de campo de 3 meses, as relações estabelecidas entre trabalhadores e trabalhadoras da zona franca industrial CODEVI, localizada na cidade de Ouanaminthe, fronteira entre Haiti e República Dominicana, com o mundo do trabalho, assim como outras esferas de sua vida cotidiana. As relações entre haitianos e dominicanos expressas numa cidade de fronteira e principalmente no interior da zona franca industrial CODEVI, de forte presença de capital dominicano, constituirão o eixo condutor do trabalho.
Otávio Calegari Jorge
Mestrado em Antropologia Social - UNICAMP (2014) PDF
Orientador(a): Omar Ribeiro Thomaz
Resumo: Este trabalho tem como objetivo compreender, tendo como referência inicial, mas não exclusiva, a produção intelectual haitiana e dominicana, bem como uma experiência de campo de 3 meses, as relações estabelecidas entre trabalhadores e trabalhadoras da zona franca industrial CODEVI, localizada na cidade de Ouanaminthe, fronteira entre Haiti e República Dominicana, com o mundo do trabalho, assim como outras esferas de sua vida cotidiana. As relações entre haitianos e dominicanos expressas numa cidade de fronteira e principalmente no interior da zona franca industrial CODEVI, de forte presença de capital dominicano, constituirão o eixo condutor do trabalho.
Construções do "fracasso" haitiano
Felipe Evangelista Andrade Silva
Mestrado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2010) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: O objetivo dessa dissertação é examinar o campo discursivo que gira em torno do “Haiti” – uma unidade de análise que pressupõe uma construção conceitual geralmente implícita. No Corpus analisado no trabalho, há um consenso de que desde que o Haiti existe, o país tem vivido uma tragédia. No diagnóstico dos problemas, há uma tendência a descrever o que o Haiti “não é”, i.e. a indagar a realidade a partir do que ela supostamente deveria ser. Escolhemos três eixos, tratados um para cada capítulo. O primeiro diz respeito ao papel da história, como nas sequências montadas coexistem duas modalidades, um desenrolar contingente dos eventos, diacrônico, e um tempo inerte, preso numa circularidade que o obrigaria a repetir-se incessantemente, sincrônico. O segundo trata de esquemas de oposições duais, que disparam uma série de associações entre diferentes pares de idéias. De um lado, encontramos democracia, modernidade, desenvolvimento, eficiência econômica, dinamismo, Estado de direito (e, num registro mais antigo, civilização). Do outro, suas antíteses: autoritarismo, precariedade, subdesenvolvimento, improdutividade, desordem, terra sem lei, inerte, parada no tempo, retrógrada (pólo onde a referência à “África” é constante). O último capítulo mira a construção de três tipos de agências coletivas, três propostas de encaixes entre os fenômenos que explicariam “a tragédia haitiana”, três unidades de análise: “o povo”, “a elite” e “as grandes potências”. Veremos então, sucessivamente, como cada uma é responsabilizada pelo “desastre” em cada caso.
Felipe Evangelista Andrade Silva
Mestrado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2010) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: O objetivo dessa dissertação é examinar o campo discursivo que gira em torno do “Haiti” – uma unidade de análise que pressupõe uma construção conceitual geralmente implícita. No Corpus analisado no trabalho, há um consenso de que desde que o Haiti existe, o país tem vivido uma tragédia. No diagnóstico dos problemas, há uma tendência a descrever o que o Haiti “não é”, i.e. a indagar a realidade a partir do que ela supostamente deveria ser. Escolhemos três eixos, tratados um para cada capítulo. O primeiro diz respeito ao papel da história, como nas sequências montadas coexistem duas modalidades, um desenrolar contingente dos eventos, diacrônico, e um tempo inerte, preso numa circularidade que o obrigaria a repetir-se incessantemente, sincrônico. O segundo trata de esquemas de oposições duais, que disparam uma série de associações entre diferentes pares de idéias. De um lado, encontramos democracia, modernidade, desenvolvimento, eficiência econômica, dinamismo, Estado de direito (e, num registro mais antigo, civilização). Do outro, suas antíteses: autoritarismo, precariedade, subdesenvolvimento, improdutividade, desordem, terra sem lei, inerte, parada no tempo, retrógrada (pólo onde a referência à “África” é constante). O último capítulo mira a construção de três tipos de agências coletivas, três propostas de encaixes entre os fenômenos que explicariam “a tragédia haitiana”, três unidades de análise: “o povo”, “a elite” e “as grandes potências”. Veremos então, sucessivamente, como cada uma é responsabilizada pelo “desastre” em cada caso.
O cultivo dos comuns: notas etnográficas sobre parentesco, economia e magia no norte do Haiti
Rodrigo Charafeddine Bulamah
Mestrado em Antropologia Social - UNICAMP (2013) PDF
Orientador: Omar Ribeiro Thomaz
Resumo: O presente trabalho e uma etnografia sobre o parentesco e as praticas sociais em um povoado rural no norte do Haiti, parte das sessões rurais de Milot. Através de um trabalho de campo de três meses e meio e de uma discussão teórica sobre o parentesco, pretendo refletir sobre a formação dos grupos domésticos locais. A partir destas instituições, analisarei o modo como relações de vizinhança são estruturadas e como pessoas estabelecem e mantém redes de parentesco e amizade. A atenção dada a essas relações abriu possibilidades de se pensar também à produção e a troca dentro do povoado e as formas como bens e mercadorias circulam nos mercados da região. Por fim, minha analise se debruçara também sobre o modo como magia e parentesco se estabelecem enquanto partes complementares de um mesmo regime moral e prático.
Rodrigo Charafeddine Bulamah
Mestrado em Antropologia Social - UNICAMP (2013) PDF
Orientador: Omar Ribeiro Thomaz
Resumo: O presente trabalho e uma etnografia sobre o parentesco e as praticas sociais em um povoado rural no norte do Haiti, parte das sessões rurais de Milot. Através de um trabalho de campo de três meses e meio e de uma discussão teórica sobre o parentesco, pretendo refletir sobre a formação dos grupos domésticos locais. A partir destas instituições, analisarei o modo como relações de vizinhança são estruturadas e como pessoas estabelecem e mantém redes de parentesco e amizade. A atenção dada a essas relações abriu possibilidades de se pensar também à produção e a troca dentro do povoado e as formas como bens e mercadorias circulam nos mercados da região. Por fim, minha analise se debruçara também sobre o modo como magia e parentesco se estabelecem enquanto partes complementares de um mesmo regime moral e prático.
Demarcadores e objetos em campanha: a Comissão Brasileira Demarcadora de Limites e a fabricação de fronteiras (1928-1947)
Carlos Gomes de Castro
Mestrado em Antropologia Social – PPGAS/MN/UFRJ (2012) PDF
Orientador: Olívia Maria Gomes da Cunha
Resumo: Esta dissertação é fundamentada em um trabalho de campo realizado nos arquivos da Primeira Comissão Demarcadora de Limites (PCDL), localizada em Belém/Pará, onde foram transformados em artefatos documentais os diferentes registros (relatórios, fotografias, boletins, cadernetas, dentre outros) das demarcações conduzidas durante os anos de 1928 a 1947 por essa mesma instituição, no período denominada Comissão Brasileira Demarcadora de Limites (CBDL). A partir de uma experiência de leitura de tais artefatos, propõe-se, nos termos de Bruno Latour, seguir os demarcadores e objetos nas campanhas demarcatórias e no escritório da CBDL, a fim de tecer uma descrição que seja capaz de recriar as relações ‘sociais’ (associações) constituídas entre os variados agentes que participaram das práticas de materialização das fronteiras internacionais brasileiras. Aliado a isso, também são exploradas as múltiplas formas de efetivação das fronteiras nas demarcações.
Carlos Gomes de Castro
Mestrado em Antropologia Social – PPGAS/MN/UFRJ (2012) PDF
Orientador: Olívia Maria Gomes da Cunha
Resumo: Esta dissertação é fundamentada em um trabalho de campo realizado nos arquivos da Primeira Comissão Demarcadora de Limites (PCDL), localizada em Belém/Pará, onde foram transformados em artefatos documentais os diferentes registros (relatórios, fotografias, boletins, cadernetas, dentre outros) das demarcações conduzidas durante os anos de 1928 a 1947 por essa mesma instituição, no período denominada Comissão Brasileira Demarcadora de Limites (CBDL). A partir de uma experiência de leitura de tais artefatos, propõe-se, nos termos de Bruno Latour, seguir os demarcadores e objetos nas campanhas demarcatórias e no escritório da CBDL, a fim de tecer uma descrição que seja capaz de recriar as relações ‘sociais’ (associações) constituídas entre os variados agentes que participaram das práticas de materialização das fronteiras internacionais brasileiras. Aliado a isso, também são exploradas as múltiplas formas de efetivação das fronteiras nas demarcações.
Devoções Manifestas: religião, pureza e cura em um templo hindu a Deusa Kali (Berbice, Guiana)
Marcelo Moura Mello
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2014) PDF
Orientadora: Olívia Maria Gomes da Cunha
Resumo: A pesquisa explora as práticas e os rituais associados ao culto à deusa Kali no templo de Blairmont, Guiana. Essa tradição religiosa envolve a "manifestação" de divindades (ou "possessão"), o sacrifício de animais e práticas de cura contra malefícios. Apesar de comumente associado aos indo-guianenses e ao hinduísmo, o culto a Kali é considerado como algo específico aos Madrasis, do sul da Índia, além de ser perpassado pela "feitiçaria", por crenças em espíritos malignos (jumbies) e por agências associadas a vários grupos. Propõe-se seguir as associações traçadas pelos próprios sujeitos e investigar quais são as relações que se manifestam no universo de Kali, sem pressupor que elas sejam meras derivações da etnicidade ou da religião.
Marcelo Moura Mello
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2014) PDF
Orientadora: Olívia Maria Gomes da Cunha
Resumo: A pesquisa explora as práticas e os rituais associados ao culto à deusa Kali no templo de Blairmont, Guiana. Essa tradição religiosa envolve a "manifestação" de divindades (ou "possessão"), o sacrifício de animais e práticas de cura contra malefícios. Apesar de comumente associado aos indo-guianenses e ao hinduísmo, o culto a Kali é considerado como algo específico aos Madrasis, do sul da Índia, além de ser perpassado pela "feitiçaria", por crenças em espíritos malignos (jumbies) e por agências associadas a vários grupos. Propõe-se seguir as associações traçadas pelos próprios sujeitos e investigar quais são as relações que se manifestam no universo de Kali, sem pressupor que elas sejam meras derivações da etnicidade ou da religião.
Diáspora. As dinâmicas da mobilidade haitiana no Brasil, no Suriname e na Guiana Francesa
Joseph Handerson
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2015) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: Esta tese analisa as experiências de mobilidade dos haitianos no Brasil, que abarca, em alguns casos, o Suriname e a Guiana Francesa. A pesquisa articulase a partir de três dimensões: 1) as lógicas e os circuitos das mobilidades haitianas; 2) as lógicas das casas e das configurações de casas das quais as pessoas em mobilidade e imobilidade fazem parte; 3) os sentidos do termo diaspora (e o campo semântico que ele delineia), a partir da perspectiva dos sujeitos estudados, ponto central para compreender os sentidos sociais da mobilidade no espaço (trans)nacional haitiano, qualificando pessoas, objetos, casas, dinheiro e ações. O foco é o contingente de haitianos vindos ao Brasil pela Tríplice Fronteira Brasil, Colômbia e Peru, de 2010 a 2013 e os que foram para o Suriname e a Guiana Francesa neste mesmo período. A pesquisa etnográfica articula-se a partir da Tríplice Fronteira, mas desenvolve-se também em Manaus, na Guiana Francesa, no Suriname e no Haiti.
Joseph Handerson
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2015) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: Esta tese analisa as experiências de mobilidade dos haitianos no Brasil, que abarca, em alguns casos, o Suriname e a Guiana Francesa. A pesquisa articulase a partir de três dimensões: 1) as lógicas e os circuitos das mobilidades haitianas; 2) as lógicas das casas e das configurações de casas das quais as pessoas em mobilidade e imobilidade fazem parte; 3) os sentidos do termo diaspora (e o campo semântico que ele delineia), a partir da perspectiva dos sujeitos estudados, ponto central para compreender os sentidos sociais da mobilidade no espaço (trans)nacional haitiano, qualificando pessoas, objetos, casas, dinheiro e ações. O foco é o contingente de haitianos vindos ao Brasil pela Tríplice Fronteira Brasil, Colômbia e Peru, de 2010 a 2013 e os que foram para o Suriname e a Guiana Francesa neste mesmo período. A pesquisa etnográfica articula-se a partir da Tríplice Fronteira, mas desenvolve-se também em Manaus, na Guiana Francesa, no Suriname e no Haiti.
Entre plantas e palavras. Modos de constituição de saberes entre os Wajãpi (AP)
Joana Cabral de Oliveira
Doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) - USP (2012) PDF
Orientadora: Dominique Gallois
Resumo: Esta pesquisa, realizada entre os Wajãpi (grupo Tupi-Guarani, localizado no Amapá) tem como cerne os modos wajãpi de conhecer a floresta. Tomando como fio condutor os saberes e os enunciados sobre as plantas que a compõe, a tese se inicia com uma análise das formas de classificação dos vegetais (suas composições, arranjos e operacionalizações na vida cotidiana), para, em seguida, enveredar pelos modos de percepção que orientam as relações travadas entre os Wajãpi, os vegetais e outros habitantes da floresta (tais como animais, donos, espíritos, etc.), para, por fim, abordar as concepções nativas sobre o conhecimento e o aprendizado. Essa etnografia é apresentada tendo como linha de fuga uma reflexão acerca dos modos científicos de produção do saber botânico, a qual foi elaborada a partir de uma pesquisa de campo junto a alguns taxonomistas e da leitura de uma bibliografia pertinente. A presença dessa análise concisa não tem, todavia, o objetivo de uma comparação estrita entre ciência e conhecimento wajãpi, mas antes matizar em um jogo de aproximações e distanciamentos os processos em ambos os contextos, visando um melhor entendimento tanto dos modos wajãpi de conhecer, bem como evidenciar aspectos de algumas analises teóricas que se debruçaram sobre a temática do conhecimento tradicional, tendo como oposição uma concepção estabilizada de ciência.
Joana Cabral de Oliveira
Doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) - USP (2012) PDF
Orientadora: Dominique Gallois
Resumo: Esta pesquisa, realizada entre os Wajãpi (grupo Tupi-Guarani, localizado no Amapá) tem como cerne os modos wajãpi de conhecer a floresta. Tomando como fio condutor os saberes e os enunciados sobre as plantas que a compõe, a tese se inicia com uma análise das formas de classificação dos vegetais (suas composições, arranjos e operacionalizações na vida cotidiana), para, em seguida, enveredar pelos modos de percepção que orientam as relações travadas entre os Wajãpi, os vegetais e outros habitantes da floresta (tais como animais, donos, espíritos, etc.), para, por fim, abordar as concepções nativas sobre o conhecimento e o aprendizado. Essa etnografia é apresentada tendo como linha de fuga uma reflexão acerca dos modos científicos de produção do saber botânico, a qual foi elaborada a partir de uma pesquisa de campo junto a alguns taxonomistas e da leitura de uma bibliografia pertinente. A presença dessa análise concisa não tem, todavia, o objetivo de uma comparação estrita entre ciência e conhecimento wajãpi, mas antes matizar em um jogo de aproximações e distanciamentos os processos em ambos os contextos, visando um melhor entendimento tanto dos modos wajãpi de conhecer, bem como evidenciar aspectos de algumas analises teóricas que se debruçaram sobre a temática do conhecimento tradicional, tendo como oposição uma concepção estabilizada de ciência.
O extra(ordinário) da ajuda: Histórias não contadas sobre desastre e generosidade na Grand'Anse, Haiti
Ana Elisa de Figueiredo Bersani
Mestrado em Antropologia Social - UNICAMP (2015) PDF
Orientador(a): Omar Ribeiro Thomaz
Resumo: Baseado em pesquisa etnográfica realizada em 2013 na região da Grand’Anse, Haiti, este trabalho busca revelar e problematizar dinâmicas sociais existentes no país que, postas em prática após o terremoto em janeiro de 2010, tiveram um papel fundamental no sentido de assegurar a manutenção da ordem e a sobrevivência de grande parte dos desabrigados. A resposta articulada na Grand’Anse revela mecanismos de ajuda mútua complexamente enraizados na vida ordinária das comunidades que, para além do alcance do estado e das organizações internacionais, foram essenciais no socorro aos aflitos.
Ana Elisa de Figueiredo Bersani
Mestrado em Antropologia Social - UNICAMP (2015) PDF
Orientador(a): Omar Ribeiro Thomaz
Resumo: Baseado em pesquisa etnográfica realizada em 2013 na região da Grand’Anse, Haiti, este trabalho busca revelar e problematizar dinâmicas sociais existentes no país que, postas em prática após o terremoto em janeiro de 2010, tiveram um papel fundamental no sentido de assegurar a manutenção da ordem e a sobrevivência de grande parte dos desabrigados. A resposta articulada na Grand’Anse revela mecanismos de ajuda mútua complexamente enraizados na vida ordinária das comunidades que, para além do alcance do estado e das organizações internacionais, foram essenciais no socorro aos aflitos.
Imagens e substâncias como vínculos de pertencimento: as experiências Wajãpi e Yanomami
Silvia Pizzolante Pellegrino
Doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) - USP (2009) PDF
Orientador(a): Dominique Gallois
Resumo: Esta tese é o resultado de uma pesquisa sobre os processos mediante os quais determinados grupos indígenas constituem vínculos de pertencimento em relação à seus saberes e à sua memória. Trata-se de uma análise comparativa entre diferentes processos em dois contextos distintos: as denúncias e angústias que os Wajãpi manifestam com relação à falta de controle sobre a veiculação de suas imagens fotográficas em diversas conjunturas; e as elaborações de alguns indivíduos Yanomami envolvidos na coleta e conservação de material genético, sobretudo de sangue para pesquisas biotecnológicas. Imagens e Sangue foram abordados como elementos formadores de contextos de controvérsias a respeito de sua utilização e pertencimento, por meio dos quais a análise da pesquisa foi empreendida.
Silvia Pizzolante Pellegrino
Doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) - USP (2009) PDF
Orientador(a): Dominique Gallois
Resumo: Esta tese é o resultado de uma pesquisa sobre os processos mediante os quais determinados grupos indígenas constituem vínculos de pertencimento em relação à seus saberes e à sua memória. Trata-se de uma análise comparativa entre diferentes processos em dois contextos distintos: as denúncias e angústias que os Wajãpi manifestam com relação à falta de controle sobre a veiculação de suas imagens fotográficas em diversas conjunturas; e as elaborações de alguns indivíduos Yanomami envolvidos na coleta e conservação de material genético, sobretudo de sangue para pesquisas biotecnológicas. Imagens e Sangue foram abordados como elementos formadores de contextos de controvérsias a respeito de sua utilização e pertencimento, por meio dos quais a análise da pesquisa foi empreendida.
Genealogias, herança e pessoa judaica e Suriname
Thiago de Niemeyer Matheus Loureiro
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2013) PDF
Orientadora: Olívia Maria Gomes da Cunha
Resumo: Este trabalho é uma etnografia da auto-intitulada "comunidade judaica" (joodse gemeente em holandês) de Paramaribo, no Suriname. A "gemeente", que hoje em dia compreende não mais do que trezentos judeus em um país com quase meio milhão de habitantes, é formada pelos descendentes dos judeus sefarditas que se estabeleceram em um território autônomo no país no século XVII e famílias asquenazitas e sefarditas que chegaram posteriormente, atraídas pela liberdade de culto e a prosperidade da economia de plantação. A descrição, situada em um plano processual, opta por uma perspectiva prática que não discuta ideias ou normas judaicas a não ser que sejam mencionados e evidenciando seus contextos de enunciação. A partir do conceito de relacionalidade, proposto por Janet Carsten, o trabalho discute a criação de afinidades a partir do compartilhamento de determinados espaços ou nomes, brigas de família e outros processos. Uma atenção especial é dada à forma como se produzem artefatos textuais que atestam ancestralidade - como árvores genealógicas - e a formação de arquivos domésticos por meus interlocutores.
Thiago de Niemeyer Matheus Loureiro
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2013) PDF
Orientadora: Olívia Maria Gomes da Cunha
Resumo: Este trabalho é uma etnografia da auto-intitulada "comunidade judaica" (joodse gemeente em holandês) de Paramaribo, no Suriname. A "gemeente", que hoje em dia compreende não mais do que trezentos judeus em um país com quase meio milhão de habitantes, é formada pelos descendentes dos judeus sefarditas que se estabeleceram em um território autônomo no país no século XVII e famílias asquenazitas e sefarditas que chegaram posteriormente, atraídas pela liberdade de culto e a prosperidade da economia de plantação. A descrição, situada em um plano processual, opta por uma perspectiva prática que não discuta ideias ou normas judaicas a não ser que sejam mencionados e evidenciando seus contextos de enunciação. A partir do conceito de relacionalidade, proposto por Janet Carsten, o trabalho discute a criação de afinidades a partir do compartilhamento de determinados espaços ou nomes, brigas de família e outros processos. Uma atenção especial é dada à forma como se produzem artefatos textuais que atestam ancestralidade - como árvores genealógicas - e a formação de arquivos domésticos por meus interlocutores.
Hacer la vida: inventos, negócios e trampas em um batey cubano
Carlos Gomes de Castro
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2017) PDF
Orientadora: Olívia Maria Gomes da Cunha
Resumo: Esta tese se baseia numa pesquisa etnográfica realizada em um batey de uma região de Cuba marcada pela falência de usinas açucareiras. Desmantelamentos, sucatas, ferrugem, espera, estes são alguns dos elementos que afetam diretamente os moradores dessas áreas, os quais, sem ter como fugir, inventam meios dos mais variados para “acomodar a situação”. Acompanho, a partir de narrativas próximas a meus interlocutores, algumas estratégias e ações por eles praticadas no cotidiano para entrar em negociações, fazer dinheiro, produzir objetos, ir em busca de comida e trabalho, divertir-se e vigiar a vizinhança. À distância, talvez o batey pareça inerte; de perto, porém, emerge, nele, toda uma gama de movimentações constantes, classificações espaciais e mercantis e, inclusive, modos específicos de ver o socialismo. A descrição dessa dinâmica revela a existência de pessoas engajadas numa espécie de engenhosidade (social) que procura, sempre, transmutar uma coisa (objetos, relações e pessoas) em outra, estando entre tais coisas a própria “necessidade”, convertida em uma experiência de intensa criatividade.
Carlos Gomes de Castro
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2017) PDF
Orientadora: Olívia Maria Gomes da Cunha
Resumo: Esta tese se baseia numa pesquisa etnográfica realizada em um batey de uma região de Cuba marcada pela falência de usinas açucareiras. Desmantelamentos, sucatas, ferrugem, espera, estes são alguns dos elementos que afetam diretamente os moradores dessas áreas, os quais, sem ter como fugir, inventam meios dos mais variados para “acomodar a situação”. Acompanho, a partir de narrativas próximas a meus interlocutores, algumas estratégias e ações por eles praticadas no cotidiano para entrar em negociações, fazer dinheiro, produzir objetos, ir em busca de comida e trabalho, divertir-se e vigiar a vizinhança. À distância, talvez o batey pareça inerte; de perto, porém, emerge, nele, toda uma gama de movimentações constantes, classificações espaciais e mercantis e, inclusive, modos específicos de ver o socialismo. A descrição dessa dinâmica revela a existência de pessoas engajadas numa espécie de engenhosidade (social) que procura, sempre, transmutar uma coisa (objetos, relações e pessoas) em outra, estando entre tais coisas a própria “necessidade”, convertida em uma experiência de intensa criatividade.
Kijan moun yo ye? As pessoas, as casas e as dinâmicas da familiaridade em Jacmel/Haiti
Flavia Freire Dalmaso
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2014) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: Esta tese baseia-se em pesquisa etnográfica realizada na comuna de Jacmel, sudeste do Haiti. Seu objetivo é explorar as dinâmicas da familiaridade entre pessoas que “são” umas das outras porque cultivam relações significativas de afeto e de expectativas mútuas. Tomando as casas como ponto de partida para a análise, trata-se de observar como se constrói cotidianamente a proximidade entre aqueles que possuem laços de sangue, de amizade ou de vizinhança. As casas podem ou não estar localizadas em lakoue bitasyon, outros espaços de referência à moradia e a convivência familiar com os quais as pessoas mantem ligações existenciais. Os lakou e as bitasyon englobam casas de familiares e vizinhos, abrigam os túmulos dos antepassados e também são os locais de residência dos lwa eritaj, espíritos herdados pelos descendentes desses antepassados e que também estão ligados às famílias. A tese está inserida no campo das discussões acadêmicas em torno da família no Haiti e no Caribe e, ao privilegiar as casas e seus habitantes, pretende contribuir com um ponto de vista etnográfico a respeito das relações que são construídas diariamente a partir da convivência, do compartilhamento de refeições, da troca de comida, favores e ajuda. O trabalho procura contribuir também para a discussão da noção de pessoa que, neste âmbito, compreende muitas pessoas, algumas das quais se “tem” desde o nascimento e, enquanto outras são feitas ao longo da vida.
Flavia Freire Dalmaso
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2014) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: Esta tese baseia-se em pesquisa etnográfica realizada na comuna de Jacmel, sudeste do Haiti. Seu objetivo é explorar as dinâmicas da familiaridade entre pessoas que “são” umas das outras porque cultivam relações significativas de afeto e de expectativas mútuas. Tomando as casas como ponto de partida para a análise, trata-se de observar como se constrói cotidianamente a proximidade entre aqueles que possuem laços de sangue, de amizade ou de vizinhança. As casas podem ou não estar localizadas em lakoue bitasyon, outros espaços de referência à moradia e a convivência familiar com os quais as pessoas mantem ligações existenciais. Os lakou e as bitasyon englobam casas de familiares e vizinhos, abrigam os túmulos dos antepassados e também são os locais de residência dos lwa eritaj, espíritos herdados pelos descendentes desses antepassados e que também estão ligados às famílias. A tese está inserida no campo das discussões acadêmicas em torno da família no Haiti e no Caribe e, ao privilegiar as casas e seus habitantes, pretende contribuir com um ponto de vista etnográfico a respeito das relações que são construídas diariamente a partir da convivência, do compartilhamento de refeições, da troca de comida, favores e ajuda. O trabalho procura contribuir também para a discussão da noção de pessoa que, neste âmbito, compreende muitas pessoas, algumas das quais se “tem” desde o nascimento e, enquanto outras são feitas ao longo da vida.
Lougawou: feitiço, famílias e crianças em Siwvle, Haiti
Ana Claudia Pinheiro Machado Fiod
Mestrado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2013) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: Esta dissertação apresenta uma pesquisa etnográfica sobre a dinâmica de sociabilidades em Siwvle, um vilarejo no sul do Haiti. Fundamentada em oito meses de trabalho de campo, faço uma análise das configurações de casas e de laços entre adultos e crianças com quem convivi, com foco nas relações estabelecidas entre familiaridade, vizinhança e feitiçaria. O primeiro capítulo aborda o surgimento de acusações de feitiçaria em rituais funerários. Tais acusações tem como característica central a indicação de proximidade e intimidade entre vítima e feiticeiro, e, portanto, invocam noções de familiaridade e relacionalidade. O segundo capítulo trata de feitiços considerados “intoleráveis” e da execução de dois feiticeiros. Por fim, o terceiro capítulo descreve práticas associadas aos lougawou, entidades que se alimentam de seres humanos, sobretudo de crianças. O universo dos lougawou serve como janela para observar a dinâmica das relações de familiaridade e de vizinhança, considerando adultos e crianças.
Ana Claudia Pinheiro Machado Fiod
Mestrado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2013) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: Esta dissertação apresenta uma pesquisa etnográfica sobre a dinâmica de sociabilidades em Siwvle, um vilarejo no sul do Haiti. Fundamentada em oito meses de trabalho de campo, faço uma análise das configurações de casas e de laços entre adultos e crianças com quem convivi, com foco nas relações estabelecidas entre familiaridade, vizinhança e feitiçaria. O primeiro capítulo aborda o surgimento de acusações de feitiçaria em rituais funerários. Tais acusações tem como característica central a indicação de proximidade e intimidade entre vítima e feiticeiro, e, portanto, invocam noções de familiaridade e relacionalidade. O segundo capítulo trata de feitiços considerados “intoleráveis” e da execução de dois feiticeiros. Por fim, o terceiro capítulo descreve práticas associadas aos lougawou, entidades que se alimentam de seres humanos, sobretudo de crianças. O universo dos lougawou serve como janela para observar a dinâmica das relações de familiaridade e de vizinhança, considerando adultos e crianças.
Marronismos, bricolagens e canibalismos: percursos de artistas e apropriações de Aimé Césaire na Martinica contemporânea.
Magdalena Sophia Ribeiro de Toledo
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2014) PDF
Orientadora: Olívia Maria Gomes da Cunha
Resumo: Os percursos de artistas martinicanos (artistas plásticos, atores, diretores de teatro), cujas obras ou trajetórias artísticas são afetadas por Aimé Césaire (1913-2008) – poeta, ensaísta, dramaturgo e político martinicano que foi um dos fundadores, nos anos 30, do movimento literário da negritude – são o ponto de partida deste trabalho. Aimé Césaire foi o político mais importante da Martinica pós-departamentalização e, na ilha, é seu autor mais conhecido. O percurso literário do autor revela influências do movimento surrealista, que pode ser considerado um dos catalisadores, juntamente com sua experiência de estudante negro procedente de uma colônia francesa na Paris da década de 30, do movimento da negritude. Autor de uma obra em que a crítica anticolonialista é acompanhada pela valorização do legado africano na constituição da cultura martinicana, os versos, trechos de peças e textos políticos de Aimé Césaire constituem o elemento predominante em muitas das criações e reflexões estéticas destes artistas. No caso dos artistas pesquisados, esta influência se insere em um contexto em que a arte parece ser, ao mesmo tempo, um meio de autoconhecimento que passa pela compreensão, formulação e expressão de uma “caribeanidade” ou da “consciência de ser negro”, inclusive enquanto resistência cultural às formas estéticas europeias, dominantes até a implementação da política cultural elaborada por Césaire nos anos 70, que foi fundamental para a formação de uma identidade cultural martinicana. Assim, seguindo o percurso sugerido pelos próprios artistas através de suas obras, busco compreender de que modo estes resolveram “fazer cultura martinicana” através de artefatos e como o próprio Aimé Césaire aparece como artefato simbolicamente relevante neste processo, bem como, através da elaboração destes artefatos e performances, estes se constituem, ao mesmo tempo, como “martinicanos” e “artistas”.
Magdalena Sophia Ribeiro de Toledo
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2014) PDF
Orientadora: Olívia Maria Gomes da Cunha
Resumo: Os percursos de artistas martinicanos (artistas plásticos, atores, diretores de teatro), cujas obras ou trajetórias artísticas são afetadas por Aimé Césaire (1913-2008) – poeta, ensaísta, dramaturgo e político martinicano que foi um dos fundadores, nos anos 30, do movimento literário da negritude – são o ponto de partida deste trabalho. Aimé Césaire foi o político mais importante da Martinica pós-departamentalização e, na ilha, é seu autor mais conhecido. O percurso literário do autor revela influências do movimento surrealista, que pode ser considerado um dos catalisadores, juntamente com sua experiência de estudante negro procedente de uma colônia francesa na Paris da década de 30, do movimento da negritude. Autor de uma obra em que a crítica anticolonialista é acompanhada pela valorização do legado africano na constituição da cultura martinicana, os versos, trechos de peças e textos políticos de Aimé Césaire constituem o elemento predominante em muitas das criações e reflexões estéticas destes artistas. No caso dos artistas pesquisados, esta influência se insere em um contexto em que a arte parece ser, ao mesmo tempo, um meio de autoconhecimento que passa pela compreensão, formulação e expressão de uma “caribeanidade” ou da “consciência de ser negro”, inclusive enquanto resistência cultural às formas estéticas europeias, dominantes até a implementação da política cultural elaborada por Césaire nos anos 70, que foi fundamental para a formação de uma identidade cultural martinicana. Assim, seguindo o percurso sugerido pelos próprios artistas através de suas obras, busco compreender de que modo estes resolveram “fazer cultura martinicana” através de artefatos e como o próprio Aimé Césaire aparece como artefato simbolicamente relevante neste processo, bem como, através da elaboração destes artefatos e performances, estes se constituem, ao mesmo tempo, como “martinicanos” e “artistas”.
A Masa Gadu Konde: Morte, Espíritos e Rituais Funerários em uma Aldeia Saamaka Cristã
Rogério Brittes Wanderley Pires
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2015) PDF
Orientadora: Olívia Maria Gomes da Cunha
Resumo: Esta tese é uma etnografia sobre os saamaka, descendentes de escravos fugitivos estabelecidos no Alto Suriname desde o século XVIII. Mais especificamente, sobre Botopási, uma aldeia cristã, filiada à Igreja Moraviana desde sua fundação há cerca de 120 anos. No núcleo do trabalho está uma análise das práticas funerárias locais: trocas cerimoniais; rituais que visam agradar o morto e proteger os vivos; formas de controlar a ação e a distância dos espíritos; e atividades para trazer alegria aos que perderam um ente querido. Ao longo dos capítulos, a tese trata dos diversos modi operandi dos mortos, que aparecem como fantasmas, espíritos vingativos, antepassados, padrinhos espirituais. As formas políticas saamaka e as mudanças derivadas do cristianismo ajudam a pensar as variações nas práticas e crenças acerca da morte e outros temas. Assim poderemos entender como, em Botopási, as pessoas encaram diversos tipos de transformações nas relações espalhadas pelo espaço-tempo: tanto as trazidas por evento de uma morte quanto as trazidas pela conversão ou outros engajamentos com vivos, mortos, espíritos, deuses, saamaka e estrangeiros.
Rogério Brittes Wanderley Pires
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2015) PDF
Orientadora: Olívia Maria Gomes da Cunha
Resumo: Esta tese é uma etnografia sobre os saamaka, descendentes de escravos fugitivos estabelecidos no Alto Suriname desde o século XVIII. Mais especificamente, sobre Botopási, uma aldeia cristã, filiada à Igreja Moraviana desde sua fundação há cerca de 120 anos. No núcleo do trabalho está uma análise das práticas funerárias locais: trocas cerimoniais; rituais que visam agradar o morto e proteger os vivos; formas de controlar a ação e a distância dos espíritos; e atividades para trazer alegria aos que perderam um ente querido. Ao longo dos capítulos, a tese trata dos diversos modi operandi dos mortos, que aparecem como fantasmas, espíritos vingativos, antepassados, padrinhos espirituais. As formas políticas saamaka e as mudanças derivadas do cristianismo ajudam a pensar as variações nas práticas e crenças acerca da morte e outros temas. Assim poderemos entender como, em Botopási, as pessoas encaram diversos tipos de transformações nas relações espalhadas pelo espaço-tempo: tanto as trazidas por evento de uma morte quanto as trazidas pela conversão ou outros engajamentos com vivos, mortos, espíritos, deuses, saamaka e estrangeiros.
Niyayu : relações de antagonismo e aliança entre os Yanomami da Serra das Surucucus
Rogério Duarte do Pateo
Doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) - USP (2005) PDF
Orientadora: Dominique Gallois
Resumo: Desde a década de 1960, a violência entre os Yanomami tem sido um dos mais polêmicos temas de pesquisa para etnologia americanista, inaugurando um debate que abrangeu discussões no âmbito da antropologia ecológica, da sociobiologia e da genética, passando pela arqueologia, os estudos de gênero e a filosofia política. Por meio da análise de dados coletados entre os Yanomami habitantes da Serra das Surucucus (RR/Brasil), pretendo mostrar como seu sistema de agressões relaciona-se às relações de parentesco, à ocupação do espaço e à definição de unidades sociais. As relações entre essas unidades, por sua vez, são enfocadas mediante sua interface com o com os funerais e o universo cosmológico, elementos fundamentais para a delimitação do fenômeno e para a compreensão da dinâmica de aproximação e distanciamento que caracteriza o sistema.
Rogério Duarte do Pateo
Doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) - USP (2005) PDF
Orientadora: Dominique Gallois
Resumo: Desde a década de 1960, a violência entre os Yanomami tem sido um dos mais polêmicos temas de pesquisa para etnologia americanista, inaugurando um debate que abrangeu discussões no âmbito da antropologia ecológica, da sociobiologia e da genética, passando pela arqueologia, os estudos de gênero e a filosofia política. Por meio da análise de dados coletados entre os Yanomami habitantes da Serra das Surucucus (RR/Brasil), pretendo mostrar como seu sistema de agressões relaciona-se às relações de parentesco, à ocupação do espaço e à definição de unidades sociais. As relações entre essas unidades, por sua vez, são enfocadas mediante sua interface com o com os funerais e o universo cosmológico, elementos fundamentais para a delimitação do fenômeno e para a compreensão da dinâmica de aproximação e distanciamento que caracteriza o sistema.
No rastro da cobra-grande - variações míticas e sociocosmológicas : a questão da diferença na região das Guianas
Majoi Favero Gongora
Mestrado em Ciência Social (Antropologia Social) - USP (2007) PDF
Orientadora: Dominique Gallois
Resumo: Esta dissertação consiste em um estudo dos agenciamentos indígenas acerca da questão da diferença, mais especificamente, dos processos de diferenciação entre os vários sujeitos que compõem os "mundos vividos" na região das Guianas. Parto de uma análise de variações míticas sobre a origem das cores dos pássaros, a origem dos grafismos e as sócio-gêneses, para em seguida lançar um olhar sobre a centralidade da produção de diferenças nas práticas sociais da região. Ao enfocar o tema da oscilação permanente entre contínuo e descontínuo, reúno em uma mesma geometria as mitologias e as sociocosmologias.
Majoi Favero Gongora
Mestrado em Ciência Social (Antropologia Social) - USP (2007) PDF
Orientadora: Dominique Gallois
Resumo: Esta dissertação consiste em um estudo dos agenciamentos indígenas acerca da questão da diferença, mais especificamente, dos processos de diferenciação entre os vários sujeitos que compõem os "mundos vividos" na região das Guianas. Parto de uma análise de variações míticas sobre a origem das cores dos pássaros, a origem dos grafismos e as sócio-gêneses, para em seguida lançar um olhar sobre a centralidade da produção de diferenças nas práticas sociais da região. Ao enfocar o tema da oscilação permanente entre contínuo e descontínuo, reúno em uma mesma geometria as mitologias e as sociocosmologias.
Rat pa kaka: política, desenvolvimento e violência no coração de Porto Príncipe
Pedro Braum Azevedo da Silveira
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2014) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: Na presente tese busco compreender o que são, o que fazem e quais são a propriedades das chamadas “bases”, formas sociais coletivas que enfatizam aqueles vínculos de confiança mútua, interdependência, proximidade, afeto e proteção, comuns à região de guetos da Grande Bel Air, Porto Príncipe, Haiti. As bases podem corresponder a variadas configurações, tais como as turmas de amigos, as organizações políticas, os comitês de rua, grupos culturais diversos, as gangues e os territórios a elas relacionados. As bases são importantes espaços das sociabilidades locais e, grosso modo, se dedicam àquelas atividades chamadas pelos moradores da área de “política”, “desenvolvimento”, “cultura” e “violência”, cujas iniciativas articulam o associativismo local, movimentos políticos nacionais e agências da cooperação internacional. As propriedades, elementos e princípios que atravessam a forma social base são analisadas a partir de um conjunto de transformações que caracterizaram a história da Grande Bel Air nos últimos 10 anos, entre as quais o movimento político armado que reivindicou o retorno do ex-presidente J. B. Aristide ao poder, a intervenção militar das Nações Unidas na região, o terremoto de 12 de janeiro de 2010, um ciclo de guerras que colocou algumas delas em lados opostos e as tentativas de acordos de paz que dessem fim aos conflitos. A pesquisa que originou a tese desenvolveu-se entre os anos de 2008 e 2013, foi contemporânea de boa parte das transformações que atravessaram o período histórico citado e se valeu das diferentes posições que ocupei ao longo do trabalho de campo, como a de agente da ajuda humanitária, a de pesquisador/antropólogo e a de personagem da política local.
Pedro Braum Azevedo da Silveira
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2014) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: Na presente tese busco compreender o que são, o que fazem e quais são a propriedades das chamadas “bases”, formas sociais coletivas que enfatizam aqueles vínculos de confiança mútua, interdependência, proximidade, afeto e proteção, comuns à região de guetos da Grande Bel Air, Porto Príncipe, Haiti. As bases podem corresponder a variadas configurações, tais como as turmas de amigos, as organizações políticas, os comitês de rua, grupos culturais diversos, as gangues e os territórios a elas relacionados. As bases são importantes espaços das sociabilidades locais e, grosso modo, se dedicam àquelas atividades chamadas pelos moradores da área de “política”, “desenvolvimento”, “cultura” e “violência”, cujas iniciativas articulam o associativismo local, movimentos políticos nacionais e agências da cooperação internacional. As propriedades, elementos e princípios que atravessam a forma social base são analisadas a partir de um conjunto de transformações que caracterizaram a história da Grande Bel Air nos últimos 10 anos, entre as quais o movimento político armado que reivindicou o retorno do ex-presidente J. B. Aristide ao poder, a intervenção militar das Nações Unidas na região, o terremoto de 12 de janeiro de 2010, um ciclo de guerras que colocou algumas delas em lados opostos e as tentativas de acordos de paz que dessem fim aos conflitos. A pesquisa que originou a tese desenvolveu-se entre os anos de 2008 e 2013, foi contemporânea de boa parte das transformações que atravessaram o período histórico citado e se valeu das diferentes posições que ocupei ao longo do trabalho de campo, como a de agente da ajuda humanitária, a de pesquisador/antropólogo e a de personagem da política local.
O real que não é visto : xamanismo e relação no baixo Oiapoque (AP)
Ugo Maia Andrade
Doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) - USP (2007) PDF
Orientador(a): Dominique Gallois
Resumo: O presente trabalho aborda dinâmicas de relações sociais, inter e intracomunitárias, geradas no campo do xamanismo e abrangendo duas qualidades de pessoas: as visíveis, ou “humanos”, e as invisíveis, “não-humanos”. O foco é tanto o xamanismo enquanto instituição ou “filosofia indígena”, quanto as redes de relações e dinâmicas sociais por ele geradas na região do Baixo Oiapoque (fronteira com a Guiana Francesa), envolvendo conjuntos de relações de reciprocidades múltiplas, como o intercâmbio ritual e a agressão simbólica entre os Karipuna, GalibiMarworno, Palikur e não-índios das cidades de Oiapoque, Saint Georges (Guiana Francesa) e localidades adjacentes. O pensamento xamânico regional, combinando qualidades sensíveis a fim de predicar primariamente as pessoas invisíveis do cosmos, tem na percepção e na relação as peças principais de construção de mundo, donde decorre um ativo e fundamental relacionismo indígena.
Ugo Maia Andrade
Doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) - USP (2007) PDF
Orientador(a): Dominique Gallois
Resumo: O presente trabalho aborda dinâmicas de relações sociais, inter e intracomunitárias, geradas no campo do xamanismo e abrangendo duas qualidades de pessoas: as visíveis, ou “humanos”, e as invisíveis, “não-humanos”. O foco é tanto o xamanismo enquanto instituição ou “filosofia indígena”, quanto as redes de relações e dinâmicas sociais por ele geradas na região do Baixo Oiapoque (fronteira com a Guiana Francesa), envolvendo conjuntos de relações de reciprocidades múltiplas, como o intercâmbio ritual e a agressão simbólica entre os Karipuna, GalibiMarworno, Palikur e não-índios das cidades de Oiapoque, Saint Georges (Guiana Francesa) e localidades adjacentes. O pensamento xamânico regional, combinando qualidades sensíveis a fim de predicar primariamente as pessoas invisíveis do cosmos, tem na percepção e na relação as peças principais de construção de mundo, donde decorre um ativo e fundamental relacionismo indígena.
Sè Tou Melanje: Uma etnografia sobre o universo social do Vodu Haitiano
José Renato de Carvalho Baptista
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN?UFRJ (2012) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: Esta tese pretende fazer uma descrição do vodu haitiano, privilegiando como ponto de vista as chamadas jénn ginen, que são reuniões de prece nas légliz – certo tipo de igreja, nas quais ocorrem a possessão pelos loas (divindades vodu) por alguns dos presentes. No Haiti as jénn são grupos de oração característicos de católicos e protestantes, através dos quais as pessoas apresentam suas demandas ao deus cristão, onde pode ou não haver a manifestação do espírito santo. As jénn ginen se diferenciam destas na medida em que nestas não se trata da “presença do espírito santo de Deus, mas dos loas”. Através desta descrição, somos convidados a discutir um amplo conjunto de categorias relacionadas ao universo social do vodu, tais como o estatuto da mistura (melanje) e a maneira dos agentes sociais articularem isto no culto aos loas.
José Renato de Carvalho Baptista
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN?UFRJ (2012) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: Esta tese pretende fazer uma descrição do vodu haitiano, privilegiando como ponto de vista as chamadas jénn ginen, que são reuniões de prece nas légliz – certo tipo de igreja, nas quais ocorrem a possessão pelos loas (divindades vodu) por alguns dos presentes. No Haiti as jénn são grupos de oração característicos de católicos e protestantes, através dos quais as pessoas apresentam suas demandas ao deus cristão, onde pode ou não haver a manifestação do espírito santo. As jénn ginen se diferenciam destas na medida em que nestas não se trata da “presença do espírito santo de Deus, mas dos loas”. Através desta descrição, somos convidados a discutir um amplo conjunto de categorias relacionadas ao universo social do vodu, tais como o estatuto da mistura (melanje) e a maneira dos agentes sociais articularem isto no culto aos loas.
Sobre dons, pessoas, espíritos e suas moradas
Alline Torres Dias da Cruz
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2014) PDF
Orientadora: Olívia Maria Gomes da Cunha
Resumo: A tese versa sobre a manutenção ritual cotidiana dos mistérios, espíritos que pertencem aos panteões do vodu, por imigrantes da República Dominicana, chamados de pessoas que têm os mistérios, que vivem em Porto Rico. O material etnográfico realça os mistérios como uma espécie de herança familiar em circulação. Pessoas e mistérios descrevem as experiências multifacetadas e densas entre eles com categorias como dom, atender, trabalhar, pagar, corpo e consumo. Deixando-se conduzir pela trama relacional que essas categorias informam, a tese tem como objetivo inicial demonstrar a maneira singular como a noção de pessoa é compreendida pelos interlocutores, vivos e mortos, que tomam parte nesta etnografia. O segundo objetivo é discutir os modos de atenção ritual enquanto formas de troca que produzem dependência recíproca e trabalho entre os dominicanos e seus espíritos, a partir da manipulação de substâncias e objetos cuja importância reside em seus efeitos sensíveis. Tomando as práticas de sensibilização dos mistérios como técnica ritual fundamental, o terceiro objetivo é discutir como certa materialidade – artefatos, imagens e substâncias – é interiorizada nas casas, visando-se à recriação de certas paisagens de lembrança para os mistérios, que assim as habitam; bem como manipulada nos ambientes domésticos como dispositivos de afastamento de tantos outros.
Alline Torres Dias da Cruz
Doutorado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2014) PDF
Orientadora: Olívia Maria Gomes da Cunha
Resumo: A tese versa sobre a manutenção ritual cotidiana dos mistérios, espíritos que pertencem aos panteões do vodu, por imigrantes da República Dominicana, chamados de pessoas que têm os mistérios, que vivem em Porto Rico. O material etnográfico realça os mistérios como uma espécie de herança familiar em circulação. Pessoas e mistérios descrevem as experiências multifacetadas e densas entre eles com categorias como dom, atender, trabalhar, pagar, corpo e consumo. Deixando-se conduzir pela trama relacional que essas categorias informam, a tese tem como objetivo inicial demonstrar a maneira singular como a noção de pessoa é compreendida pelos interlocutores, vivos e mortos, que tomam parte nesta etnografia. O segundo objetivo é discutir os modos de atenção ritual enquanto formas de troca que produzem dependência recíproca e trabalho entre os dominicanos e seus espíritos, a partir da manipulação de substâncias e objetos cuja importância reside em seus efeitos sensíveis. Tomando as práticas de sensibilização dos mistérios como técnica ritual fundamental, o terceiro objetivo é discutir como certa materialidade – artefatos, imagens e substâncias – é interiorizada nas casas, visando-se à recriação de certas paisagens de lembrança para os mistérios, que assim as habitam; bem como manipulada nos ambientes domésticos como dispositivos de afastamento de tantos outros.
Um ensaio etnográfico sobre a cooperação Brasil - Haiti - Cuba para a saúde pública Haitiana
Uliana Tavares de Jesus
Mestrado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2013) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: Esta dissertação trata do “Projeto Tripartite Brasil-Haiti-Cuba para fortalecimento do sistema de saúde e de vigilância epidemiológica do Haiti”, um projeto de cooperação técnica internacional financiado majoritariamente pelo governo brasileiro e que visa a contribuir para a estruturação do sistema público de saúde haitiano. O Tripartite surgiu após o terremoto de 2010, que provocou graves danos à população e ensejou a atuação de diversas organizações internacionais em nome da “ajuda humanitária de emergência”. Analisa-se, aqui, o arranjo entre diferentes elementos e escalas de processos sociais – individuais, institucionais e de unidades políticas nacionais e supranacionais –, que estruturam a configuração do Tripartite. São objetos de discussão e análise a rede de agências que representam governos e suas ações internacionais; a perspectiva das pessoas, suas trajetórias sociais e profissionais, expertises e sentimentos e os sentidos sociais que elas constroem sobre os processos dos quais participam; e alguns dispositivos de governo da saúde envolvidos no processo. Este trabalho não almeja avaliar os resultados positivos ou negativos do Tripartite, mas sim entender o funcionamento de um projeto da área de saúde em um cenário de emergência e observar seus efeitos para além daqueles estipulados como objetivos.
Uliana Tavares de Jesus
Mestrado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ (2013) PDF
Orientador: Federico Neiburg
Resumo: Esta dissertação trata do “Projeto Tripartite Brasil-Haiti-Cuba para fortalecimento do sistema de saúde e de vigilância epidemiológica do Haiti”, um projeto de cooperação técnica internacional financiado majoritariamente pelo governo brasileiro e que visa a contribuir para a estruturação do sistema público de saúde haitiano. O Tripartite surgiu após o terremoto de 2010, que provocou graves danos à população e ensejou a atuação de diversas organizações internacionais em nome da “ajuda humanitária de emergência”. Analisa-se, aqui, o arranjo entre diferentes elementos e escalas de processos sociais – individuais, institucionais e de unidades políticas nacionais e supranacionais –, que estruturam a configuração do Tripartite. São objetos de discussão e análise a rede de agências que representam governos e suas ações internacionais; a perspectiva das pessoas, suas trajetórias sociais e profissionais, expertises e sentimentos e os sentidos sociais que elas constroem sobre os processos dos quais participam; e alguns dispositivos de governo da saúde envolvidos no processo. Este trabalho não almeja avaliar os resultados positivos ou negativos do Tripartite, mas sim entender o funcionamento de um projeto da área de saúde em um cenário de emergência e observar seus efeitos para além daqueles estipulados como objetivos.